Leis históricas de igualdade no casamento gay da Tailândia podem desencadear um boom do “PINK MONEY”

Niar Ibrahim Rose veio para a Tailândia em busca de conhecimento; em vez disso, ela encontrou sua identidade. Enquanto morava na Tailândia, a cientista indonésia se assumiu trans e finalmente se “aceitou” como Niar. “E eu também conheci alguns indonésios e eles podem ser eles mesmos aqui”, ela disse. “Eles não precisam se esconder.

Eles podem expressar seu amor um pelo outro e aproveitar a vida mais do que em uma vida anterior, [em]um país anterior.” Niar é uma das muitas pessoas LGBTQIA+ de todo o Sudeste Asiático que deixaram seu país para as costas mais inclusivas da Tailândia. Carregando conteúdo do YouTube A caravana queer pode crescer ainda mais após a decisão histórica da Tailândia de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em junho. E enquanto os fornecedores de casamento estão se preparando para um boom do “baht rosa” enquanto casais queer correm para se casar, os benefícios econômicos da igualdade de direitos podem ter mais a ver com a migração do que com o casamento.

Um ‘paraíso queer’ em uma região difícil

O casal tailandês Anticha e Worawan marchou na parada do Orgulho de Bangkok em 2022.

A Tailândia é vista há muito tempo como um “paraíso queer” em uma região onde a homossexualidade é, na melhor das hipóteses, tolerada e, na pior, uma sentença de morte. A indústria do turismo vem capitalizando essas credenciais queer há décadas; não é difícil encontrar resorts que oferecem “cerimônias” de casamento entre pessoas do mesmo sexo não oficiais ou semioficiais para estrangeiros.

Mas Kyoka Shodladd, uma defensora de 19 anos que trabalhou no comitê parlamentar da Tailândia sobre igualdade no casamento, disse que as novas leis acabaram com a “hipocrisia” dos direitos desiguais no casamento e encorajariam os migrantes. “As pessoas estão dizendo: ‘Definitivamente vou para a Tailândia para me casar’”, disseram. “A Tailândia é para onde quero me mudar porque, em casa, no meu país, sou um criminoso, não posso [ser]queer. “As pessoas literalmente vêm para a Tailândia para isso, porque acham que é seguro. As pessoas podem ser elas mesmas.”

A Tailândia é apenas a terceira jurisdição na Ásia a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, depois de Taiwan em 2019 e do Nepal em 2023.

E enquanto outros países estão progredindo em direção à igualdade de direitos, algumas pessoas não esperam por mudanças. Uma pesquisa encomendada pelo grupo de orgulho de Cingapura Pink Dot descobriu que apenas uma em cada quatro pessoas LGBTQ+ pretende construir uma vida em Cingapura, enquanto três quartos das pessoas trans querem se mudar ou estão abertas à ideia. Daqueles que consideram se mudar, quatro em cada 10 são motivados pelo casamento ou pela capacidade de começar uma família, em comparação com apenas 7% de seus colegas não-queer. O porta-voz da Pink Dot, Clement Tan, disse que embora “muitos” casais considerem um casamento tailandês, o casamento não seria reconhecido quando eles retornassem a Cingapura.

“E eles serão tratados para todos os efeitos como indivíduos solteiros, sem nenhum dos direitos e proteções que seus colegas heterossexuais recebem”, disse ele. O governo de Cingapura descriminalizou a homossexualidade em 2022 apenas para então emendar a constituição para bloquear contestações judiciais à “definição heterossexual de casamento”. O Sr. Tan disse que com a falta de direitos, “não era de se admirar” que o casamento e a família fossem as principais motivações para aqueles que queriam sair.

O defensor LGBTQIA+ malaio Dhia Rezki Rohaizad está trabalhando para melhorar a vida de sua comunidade na Malásia. (Fornecido.)

“Vocês estão deixando pessoas para trás e essa é uma realidade muito triste.”

A Tailândia pode ser a capital queer do Sudeste Asiático, mas a homossexualidade continua ilegal na fronteira com a Malásia. O ativista de Kuala Lumpur Dhia Rezki Rohaizad disse que visitar ou se mudar para a Tailândia não era um fenômeno novo, mas agora estava “se tornando uma consideração mais séria” devido às leis de casamento. Até Dhia, que dedicou sua vida a ajudar a comunidade queer da Malásia, considerou isso. Dhia com um grande sorriso está em um cenário arborizado. O defensor LGBTQIA+ malaio Dhia Rezki Rohaizad está trabalhando para melhorar a vida de sua comunidade na Malásia. (Fornecido.) “Há momentos em que penso em querer ir embora porque fica cansativo, mas ao mesmo tempo você tem que pensar sobre o que isso significa”, disse ele.

Defensores se preparam para reação conservadora

As novas leis de casamento da Tailândia devem entrar em vigor no final deste ano, assim que forem aprovadas pelo Rei Maha Vajiralongkorn e publicadas no diário real.

E embora os defensores esperem que isso provoque mudanças na Ásia-Pacífico, eles também estão se preparando para uma reação negativa. Dhia disse que algumas pessoas responderam às leis da Tailândia com “medo de que essa agenda LGBT chegue à Malásia”. “Quero dizer, para nós, esperamos que sim, certo? Mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que somos dois países separados”, disse ele. “A Malásia ainda está muito longe disso, como podemos ver pelo discurso.” Em Cingapura, o Sr.

Tan disse que “alguma reação negativa é esperada”, mas a comunidade queer permaneceu “inspirada e encorajada”. “A vitória da Tailândia é mais uma afirmação de que a igualdade LGBTQ+ não é um valor ocidental importante competindo com a tradição asiática”, disse ele. “O respeito e a dignidade pelas pessoas LGBTQ+ e seus relacionamentos é um padrão que pode ser compartilhado por todas as sociedades. “Embora reconheçamos que há um longo caminho pela frente em muitos países, incluindo Cingapura, esperamos o dia em que muitos outros países possam se juntar às fileiras da Tailândia para um futuro mais inclusivo e igualitário.”

Matéria ORIGINAL em inglês ABC.NET