Criminosos escolhem locais frequentados por homossexuais para cometer assaltos em corridas de aplicativos.

As madrugadas em Salvador estão sendo tensas para a comunidade LGBTQIAPN+. Isso ocorre porque o público tem sido vítima de roubos após solicitar o serviço de transporte por aplicativo através de motos. Frequentemente, após solicitarem ocorrências em locais frequentados por LGBTs, as vítimas são seguidas e abordadas ainda no trânsito por motociclistas armados, que forçam a parada, espancam e subtraem seus celulares e cartões. Em 23 dias, o CORREIO já identificou pelo menos cinco casos.

“Recebemos algumas queixas sobre esses casos.” Creio que já exista uma organização criminosa preparada para realizar esses delitos. Lamentavelmente, a comunidade LGBTQIAPN+ é um segmento socialmente menosprezado. Ives Bittencourt, presidente da Comissão de Diversidade e Gênero da OBA Bahia, afirma que a vulnerabilidade da comunidade, especialmente pela ausência de suporte familiar, inclusão no mercado de trabalho e aspectos básicos que fortalecem as pessoas na sociedade, permite inclusive que elas usem outros meios de transporte, como carros, já que a modalidade de motocicletas é a mais econômica.

Todas as situações investigadas pela reportagem envolviam homens, que solicitaram o serviço de transporte através do aplicativo 99, no período de 21 de dezembro de 2024 até o último dia 17. Quatro das cinco vítimas foram identificadas pela equipe de reportagem.

A vítima mais recente foi o cineasta Pedro (nome fictício). Ele relata que acabou de sair de uma discoteca no Rio Vermelho e utilizou o aplicativo, aproximadamente às 4h50, para retornar à sua residência, localizada no bairro do Dois de Julho. Contudo, no decorrer da viagem, ele e o piloto da 99 foram pegos na Federação. “Ao atravessar a Avenida Cardeal da Silva, dois indivíduos, cada um em uma motocicleta, surgiram e um deles apontou uma arma, ordenando que parássemos.”

O motorista da 99 tentou acelerar, mas os bandidos persistiram com a arma e ele interrompeu a viagem”, conta Pedro.

Ele e o condutor do 99 foram conduzidos para a Rua Mata Mar Mar. “Eles nos apertaram contra a parede e iniciaram o terror.” Enquanto um abria o meu celular, o outro mantinha a arma apontada para a minha face. Um deles me deu um soco no rosto, pois estava nervoso e não conseguia lembrar a senha. Após destravar o aparelho, ele me agrediu novamente, pois pensou que eu estava me encarando. Também bateu no rapaz do 99 e levaram nossos celulares. “Mas antes, disseram que, se olhássemos para trás, atirariam”, conta o cineasta, que horas mais tarde no mesmo dia registrou um boletim de ocorrência na 7a Delegacia (Rio Vermelho).

A vítima também acha que foi alvo por ser vulnerável. “Sei que outros gays também foram roubados da mesma forma que eu e isso leva a crer que estamos na mira deles (criminosos)”.

É o que também acha o estudante João (nome fictício), um estudante, outra vítima ouvida pela reportagem. Era pouco depois da meia-noite do dia 29 de dezembro de 2024, quando ele resolveu também voltar para casa, após ter curtido com amigos a noite em um bar que virou um point LGBTQIAPN+ na Rua Almirante Marques de Leão, na Barra.

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