Inclusão no Carnaval 2025: escola de samba Paraíso do Tuiuti terá ala trans; veja como será

Agremiação de São Cristóvão homenageia Xica Manicongo, primeira travesti do Brasil, no enredo de 2025

A Paraíso do Tuiuti, escola de samba de São Cristóvão, formou para o carnaval 2025, uma ala composta por mulheres trans para representar a primeira rainha de bateria do carnaval, a travesti Eloína dos Leopardos.

Com o enredo “Quem tem medo de Xica Manincongo?”, considerada a primeira travesti não indígena do Brasil, a agremiação desfilará com 15 alunas trans do projeto social “Transcidadania no samba”, uma parceria entre a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Paraíso, com mais de cem inscritas.

Desde outubro de 2024, as mulheres têm aulas de samba na quadra da escola, além de participarem de oficina de confecção de fantasias e adereços no barracão, na Cidade do Samba, iniciativas voltadas para a inclusão profissional de travestis e mulheres trans na economia criativa do carnaval, para construírem carreiras como sambistas e criadoras dentro e fora das escolas de samba.

— Em um contexto de extrema violência e discriminação, em que vemos o avanço de pautas conservadoras e antitrans ao redor do mundo, estamos travestilizando o carnaval junto com o enredo. Além de nos sentirmos representadas pela homenagem a Xica, o projeto ajuda a elevar a autoestima e a promover a cidadania de mulheres trans e travestis, nos fazendo questionar onde elas estão em nossa história, na nossa cultura e no carnaval — afirma Bruna Benevides, mulher trans e presidente da Antra.

Vanessa Alves da Silva é a mulher mais velha da ala. Ela tem 60 anos e começou a transição de gênero quando tinha apenas 13. Atualmente, é casada, mãe e avó e tem retificados o nome e o gênero nas certidões de nascimento e de casamento.

— Eu me sinto muito lisonjeada por ter sido convidada para participar da ala. Também fiquei bastante surpresa, pois as meninas são jovens. Cheguei a pensar que não passaria perto de ser selecionada, devido à minha idade — conta Vanessa.

Renato Thor, presidente da Tuiuti, diz que a escola terá uma ala trans todos os anos.

— A responsabilidade de levar a luta trans vai muito além da avenida. É incorporar e fazer com que essa parte da população tão discriminada se sinta integrante da nossa família. Esse projeto está mudando a vida delas, mostrando que estamos aqui para acolhê-las — diz.

O Globo

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