Uma líder lésbica na extrema-direita alemã é “um paradoxo alarmante”, afirma ativista.

Bonyad Bastanfar, ativista dos direitos LGBT, argumentou nesta quarta-feira que a líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, é um “paradoxo perigoso”, pois, mesmo sendo do mesmo sexo, ela “deseja desmantelar os direitos” dessa comunidade.

A candidata à chanceler da AfD nas próximas eleições legislativas alemãs é casada com uma cidadã do Sri Lanka e tem dois filhos adotados, justificativa que o partido de extrema-direita emprega para negar acusações de homofobia.

“Alice Weidel simboliza um paradoxo arriscado.” A ativista Bonyad Bastanfar, de Colónia (oeste da Alemanha) e descendente de iranianos, considerou que a mulher lésbica à frente do partido de extrema-direita que promove políticas anti-LGBTQ+ e fomenta o ódio contra comunidades marginalizadas.

Para o defensor dos direitos da comunidade LGBT, Weidel “beneficia dos direitos e liberdades pelos quais as gerações passadas de ativistas ‘queer’ lutaram, mas alinha-se com forças que querem desmantelar esses mesmos direitos”.

As eleições legislativas antecipadas na Alemanha estão a ser marcadas pela subida da extrema-direita, com as sondagens a atribuírem à AfD cerca de 20% das intenções de voto, o dobro do resultado de 2021, e a dez pontos percentuais do favorito nas sondagens, a União Democrata-Cristã (CDU), que concorre com Friedrich Merz, numa coligação com a congénere bávara CSU.

De acordo com Bastanfar, o fato de Weidel estar na liderança da AfD – juntamente com Tino Chrupalla – não indica que o partido seja inclusivo.

“Weidel se afasta da comunidade LGBTQ+ e as políticas do seu partido espelham isso”, afirmou o ativista.

De acordo com o representante, a AfD pretende “inverter as proteções destinadas aos ‘queer’, limitar os direitos trans e eliminar a educação LGBTQ+ dos currículos escolares”.

Por essa razão, é essencial expor essa contradição: o simples fato de um partido possuir um líder ‘queer’ não implica que ele defenda os direitos ‘queer’. “De fato, neste caso, ocorre exatamente o oposto”, destacou.

A poucos dias das eleições, grupos de defesa dos direitos LGBT têm organizado protestos, como o ocorrido no último sábado, que ocorreu simultaneamente em 55 cidades alemãs.

“Os principais temores da comunidade LGBTQ+ nestes pleitos estão relacionados à possível guinada à direita na Alemanha e aos possíveis ataques aos seus direitos e segurança”, afirmou.

A ascensão da AfD é, segundo ele, “especialmente preocupante, pois o partido promove abertamente políticas anti-LGBTQ+, advoga pela supressão da linguagem inclusiva de gênero, pela limitação dos direitos dos transgêneros, pela proibição da educação LGBTQ+ nas escolas e pelo fortalecimento de um padrão familiar tradicional que apaga as identidades ‘queer’”.

No entanto, Bonyad Bastanfar destaca que a AfD “não representa a única ameaça”.

“Na CDU, há cada vez mais vozes se levantando contra os direitos ‘queer’.” Os grupos conservadores e de extrema-direita estão se esforçando para regredir nas liberdades conquistadas com tanto esforço, seja na Lei da Autodeterminação para pessoas transgêneros ou nas salvaguardas legais contra a discriminação, advertiu.

A comunidade expressou “medo de que uma alteração à direita possa não apenas colocar em risco os direitos legais, mas também agravar o ambiente social, resultando em mais invisibilidade, mais discriminação e mais violência”.

No domingo, a Alemanha realiza eleições legislativas antecipadas, inicialmente agendadas para 28 de setembro, após o colapso da coalizão governamental liderada por Olaf Scholz, formada pelo SPD (social-democrata), os liberais do FDP e os Verdes.

Com Informações: JN.pt

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