Florianópolis elege a 1ª vereadora indígena e LGBT+: Ingrid Sateré Mawé

Florianópolis terá pela primeira vez uma vereadora indígena – e também LGBT+ – eleita em uma candidatura individual. Ingrid Sateré Mawé (PSOL) recebeu 3.430 votos e vai ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da capital catarinense a partir de 1º de janeiro de 2025. Ingrid também é uma das 10 candidaturas LGBT+ eleitas em Santa Catarina.

Ingrid Sateré Mawé é a primeira vereadora indígena eleita em Florianópolis
Ingrid Sateré Mawé vai ocupar uma cadeira na câmara de vereadores até 2028 – Foto: Rony Costa/Reprodução/Ingrid Sateré Mawé/Instagram

Ingrid tem 37 anos, é bióloga, professora, mãe de três filhos e liderança da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). A vereadora eleita se declara pansexual e tem fibromialgia, uma deficiência oculta que causa dor crônica por todo o corpo.

Natural de Manaus, no Amazonas, Ingrid vive há 17 anos em Santa Catarina e já atuou como assessora parlamentar na Câmara de Florianópolis e no Congresso Nacional. Em 2023, representou Florianópolis na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai.

Essa não é a primeira vez que a professora participa de uma eleição. Em 2018, Ingrid foi candidata a governadora de Santa Catarina pelo PSTU e fez quase 1o mil votos, mas não foi eleita.

Mandato é uma oportunidade para amplificar as vozes

Ingrid acredita que esse é um momento histórico e fundamental para Florianópolis e pretende trazer uma visão plural e interseccional, que conecta as lutas dos povos indígenas, das mulheres, das pessoas LGBT+ e das pessoas com deficiência.

“Minha presença na Câmara representa uma quebra de paradigmas e a possibilidade de construir uma política que reflita as necessidades e os sonhos daqueles que foram historicamente excluídos […] Quero utilizar essa oportunidade para amplificar as vozes que, por tanto tempo, foram silenciadas.”

Florianópolis elege primeira vereadora indígena; conheça Ingrid Sateré Mawé
Em 2023, Ingrid Sateré Mawé participou da COP28 em Dubai – Foto: Reprodução/Instagram

Direitos humanos serão prioridade para o mandato

Os direitos das mulheres, das comunidades indígenas, das pessoas com deficiência (PcD) e da comunidade LGBT+ são algumas das pautas prioritárias para Ingrid. Ela destaca a necessidade de políticas públicas que protejam a comunidade LGBT+ e o combate ao preconceito:

“Lutarei pelo combate à LGBTfobia e pela criação de programas educacionais que promovam o respeito à diversidade nas escolas e no ambiente de trabalho, além de espaços de encontros, atenção à saúde e à segurança dessas vidas que têm sofrido diariamente com a violência” completa.

Como ativista, defende políticas públicas que garantam uma cidade mais sustentável e preservada. Ela também ressalta a importância de cuidar dos territórios indígenas e promover ações de autonomia econômica e cultural desses espaços, assim como a inclusão no plano turístico da cidade.

Como pessoa com deficiência, quer garantir mais acessibilidade, com infraestrutura adequada para atender as necessidades de todos os cidadãos. Ela também defende a luta pelo tratamento com cannabis medicinal e a disponibilização das terapias através do SUS.

Florianópolis já teve outras mulheres indígenas em mandatos coletivos

Além de Ingrid, outras duas mulheres indígenas passaram pela Câmara de Vereadores de Florianópolis a partir de 2020.

Joziléia Kaingang e Janaína Barbosa faziam parte do mandato coletivo Coletiva Bem Viver, eleito em 2020. No entanto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconhece apenas um nome para o registro de uma candidatura.

* Sob supervisão de Danilo Duarte

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