CANDIDATURAS LGBT+ ESTÃO PRESENTES EM 1 A CADA 4 MUNICÍPIOS DO PAÍS

Levantamento inédito no Brasil aponta ainda um recorte diferente do cenário político atual: mulheres (51,78%) e candidaturas negras (59,74% ) são maioria.

São Paulo, 29 de agosto – Um em cada quatro municípios brasileiros têm uma candidatura LGBT+, é o que indica a apuração realizada pela organização de pesquisa VoteLGBT com base nos dados disponibilizados no site do TSE.

Dos 5.570 municípios brasileiros, 1.368 registraram candidaturas LGBT+ de 1.371 homens e 1.472 mulheres, totalizando 2.844 candidaturas. São 2.756 candidatos a vereadores, 36 prefeitos, 56 vice-prefeitos distribuídos por 28 partidos, em todos os estados do País.

Salvador e Porto Alegre são as cidades com maior número de candidaturas LGBT+ na região Nordeste e Sul, respectivamente, com 24. Belém é destaque no Norte (13); Rio de Janeiro, no Sudeste (22); e Campo Grande, no Centro-Oeste (10).

Os números, apesar de impressionantes, ainda podem estar subnotificados. Há 10 anos, o VoteLGBT disponibiliza em seu site uma galeria de candidaturas LGBT+ a partir de preenchimento de formulário online. Depois da confirmação das candidaturas pelo TSE, o site contava com quase 500 candidaturas LGBT+ confirmadas, das quais 16 apenas na cidade de São Paulo. No entanto, ao apurar os dados oficiais do TSE, apenas 10 candidaturas de São Paulo se declararam LGBT+ para a Justiça Eleitoral. O cadastro de candidaturas no site da organização continuará recebendo novos cadastros de candidaturas até o limite legal, dia 04 de outubro.

“Para muitas de nós, a exposição da identidade LGBT é um gesto de confiança, um cálculo de risco. Receber essa chancela de tantas lideranças é uma honra pra gente. Há 10 anos conectamos essas candidaturas ao eleitorado através de plataformas digitais suprapartidárias. No último ciclo eleitoral, as candidaturas cadastradas em nosso site receberam mais de 3,5 milhões de votos”, afirma Gui Mohallem, da direção executiva da organização.

Há décadas, a Justiça Eleitoral tem adotado ações afirmativas para garantir a presença de grupos minorizados, como mulheres e negros, na política brasileira. A cota de gênero foi estabelecida em 1997 para tentar assegurar a participação de mulheres entre as candidaturas. Nas eleições de 2024, as mulheres representam 34% das candidaturas gerais. No entanto, quando analisamos apenas as candidaturas LGBT+, observamos que as mulheres compõem a maioria, representando 51,78% das candidaturas.

Maioria também são as candidaturas LGBT+ negras, quase 60% – 21,8% delas se identificando como pretas e 38% como pardas, enquanto 38,1% se identificam como brancas. No recorte geral das candidaturas, 52,72% se autodeclaram negras, mas com uma diferença marcante: apenas 11,38% se identificam como pretas, 41,34% se declaram pardas e 45,66% são brancas. “Não há como compreender a presença LGBT+ nas eleições sem olharmos para a interseccionalidade.

O descompromisso do Congresso Nacional com a pluralidade na política institucional do país – quando aprovou a ‘PEC da Anistia’, perdoando R$20 bilhões de dívidas dos partidos pelo não cumprimento das cotas raciais e de gênero – nos chegou como uma mensagem. E a resposta que passamos de volta é que estaremos sim, pleiteando e ocupando cargos eletivos. E o esforço coletivo tem que ser pela viabilidade e segurança destas candidaturas”, afirma Alciana Paulino, Coordenadora de Eleições do VoteLGBT.
Clarissa Beretz

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