Deputado gay argentino apresenta queixa criminal contra Javier Milei

Presidente fez comentários anti-LGBTQ durante discurso no Fórum Econômico Mundial O presidente argentino Javier Milei está enfrentando uma nova controvérsia após fazer uma série de comentários homofóbicos e transfóbicos no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça.
O congressista Esteban Paulón, um ativista de longa data dos direitos LGBTQ, em uma queixa criminal que ele apresentou argumenta que o presidente usou um discurso que promove estereótipos negativos e incentiva a violência contra a comunidade LGBTQ. Em seu discurso de 23 de janeiro, Milei fez declarações que ligavam a comunidade LGBTQ à pedofilia, citando especificamente o caso de um casal gay na Geórgia condenado à prisão perpétua no ano passado após se declararem culpados de abusar sexualmente de seus dois filhos adotivos. Milei também alegou que crianças de 5 anos passam por cirurgias de afirmação de gênero, um argumento que os especialistas negaram categoricamente.
Essas declarações provocaram indignação nacional e internacional.
“Milei radicaliza o discurso de ódio com base em mentiras e verdades fabricadas”, disse Paulón em uma entrevista exclusiva ao Washington Blade. “Ele levanta estereótipos prejudiciais contra a comunidade LGBTQ+, o que gera medo e angústia em nossas comunidades. Entramos com uma queixa criminal, entendendo que suas declarações constituem vários crimes agravados por sua investidura presidencial.” Paulón também destacou o impacto social das palavras de Milei, observando que muitas famílias LGBTQ vivem com medo de ter seus direitos revogados. “Há pais e mães com medo de serem denunciados por permitir que seus filhos expressem sua identidade de gênero. Casais LGBTQ+ temem que seus filhos sejam tirados deles”, disse Paulón. “Esse tipo de discurso ativa grupos ultraconservadores que apoiam politicamente Milei, mas não refletem os sentimentos da maioria da sociedade argentina.” Ativistas LGBTQ e grupos de direitos humanos na Argentina organizaram uma marcha em Buenos Aires, capital do país, que está programada para acontecer em 1º de fevereiro.
O slogan do evento, “por um país sem ódio”, busca destacar sua rejeição às declarações de Milei e uma reafirmação de seu compromisso em defender os direitos LGBTQ.

Milei, por sua vez, negou as acusações em uma entrevista recente, apontando que elas fazem parte de uma campanha orquestrada pelas chamadas elites. “Nunca comparei homossexuais com pedófilos, mas certos setores montam essas campanhas para gerar indignação”, disse ele. Paulón enfatizou que sua denúncia também busca ter um impacto mais amplo na sociedade argentina. “Além do resultado judicial, queremos abrir um espaço de reflexão sobre a importância de não validar o discurso de ódio”, disse ele. “Esses ataques não afetam apenas uma comunidade, mas também prejudicam a coesão social e o respeito mútuo.” Milei reverteu várias iniciativas de direitos LGBTQ desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023.

Um dos primeiros atos de sua administração foi fechar o Ministério da Mulher, Gênero e Diversidade e o Instituto Nacional Contra a Discriminação, Xenofobia e Racismo, conhecido pela sigla INADI. Milei também demitiu pessoas transgênero de empregos no setor público.

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